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Secretaria da Mulher e Secretaria da Inclusão e do Transtorno do Espectro Autista realizam a terceira edição do “Mulher em Foco – Dia de Beleza”

Fotos: Maria Eduarda Nalesso (programa de estágio)

A Secretaria da Mulher (Semul) e a Secretaria da Inclusão e do Transtorno do Espectro Autista (Sintea) realizaram a terceira edição do encontro “Mulher em Foco – Dia de Beleza”, em edição especial, para homenagear as mães atípicas. A ação foi realizada no Jardim Botânico “Irmãos Villas-Bôas”, no Jardim Dois Corações. O objetivo foi proporcionar um momento e um clima de acolhimento a todas as participantes, com espaço para uma reflexão sobre os desafios e as sobrecargas que enfrentam em seu dia a dia, mas proporcionando um resgate de suas personalidades como mulheres, que também merecem carinho e cuidados. Neste evento, elas puderam exercitar o seu protagonismo e se permitir serem cuidadas. Foram disponibilizados serviços como maquiagem, cabelo, spa dos pés, aromaterapia, entre outros. Além de uma palestra com a mãe atípica e autora de livro sobre o tema, Priscila Vieira.

Valesca Viscarra Costa de Almeida foi uma das participantes e aprovou a iniciativa. “Fomos muito bem recebidas e é muito bom ser cuidada. Eu atuo em uma ONG que trabalha com essa causa e tenho uma rotina bastante intensa de cuidar da família e do trabalho. Tenho três filhas, de 22, 23 e 19 anos, além de um neto, de dois anos. Agora quero aproveitar tudo o que está sendo proporcionado para a gente”.

Sou Patrícia Ferraz de Souza, mãe atípica. Tenho um filho chamado Miguel, de sete anos, que tem síndrome de down e cardiopatia congênita, porém, corrigida. É muito bom tudo isso que estão fazendo aqui, embora nosso coração fique lá com eles. A gente está acostumada a não se colocar em primeiro lugar. E eu me cobro muito. Tenho também outro filho pequeno, de quatro anos, além de um mais velho. Estou muito feliz de estar aqui, porque é muito difícil ter uma oportunidade como esta. Conheci pessoas, houve uma integração logo no início, que nos fez sentir à vontade. Espero que ações como esta aconteçam outras vezes. Porque, no dia a dia, nossa vida é muito difícil. Para ser sincera, tem dias que nem dá vontade de sair da cama. Então, este evento mexe muito com a nossa autoestima e proporciona um apoio que, às vezes, não temos nem na própria família”, relata Patrícia.

A secretária da Mulher, Rosângela Perecini, destaca que é justamente esse o intuito dessas ações, reunir grupos de mulheres que, em sua rotina, são mais identificadas com o cuidar, em suas várias práticas, mas que dificilmente encontram espaço para serem fortalecidas pelo outro. “Queremos cuidar de quem cuida. Fazer com que essas mulheres voltem a se olhar, a se enxergar com carinho e ter para si a mesma generosidade que oferecem ao outro. A cada edição, estamos buscando atender um grupo específico de mulheres. Já atendemos mulheres que se sentem invisíveis à sociedade, como as pessoas que atuam na área da limpeza. E agora estamos reunindo e oferecendo acolhimento, além de serviços, às mães atípicas”, afirma a secretária.

Eu nunca tinha ouvido falar em mãe atípica ou em autismo. Vivi minha vida toda no sítio e, antigamente, não tinha o mesmo conhecimento que tem hoje. Tudo era visto como problema mental. Sou mãe de gêmeas, duas meninas de cinco anos. Aos dois anos e meio, comecei a perceber que elas tinham dificuldade em falar. Falavam poucas palavras. Levei ao médico, mas diziam que era normal. Foi somente na escola que a professora veio falar comigo, apontar algumas dificuldades delas e me aconselhou a procurar um especialista. Foi quando eu comecei a ouvir falar em autismo, em déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Para a gente é muito difícil. Porque a gente não espera os filhos tenham algum problema. E a família, que deveria ser a primeira a nos apoiar, é quem nos aponta o dedo, como se nos culpasse. Ou diz que não é nada. A situação, para nós, é muito difícil quando descobre o diagnóstico, é duro correr atrás de médico, ver que elas não se desenvolvem como as outras crianças e nem mesmo adquirem noção sobre o perigo. As outras pessoas acham que não é nada, ou que é birra. Eu nunca imaginei que passaria por isso. Só não podemos desanimar, porque elas dependem de nós. Como mãe, chegamos a abandonar a nós mesmas para cuidar dos pequenos”, conta Luciene Veiga de Melo Torres.

Além dos serviços disponíveis, as participantes também tiveram a oportunidade de ouvir a palestra da mãe atípica e autora do livro “Amor em Silêncio”, que aborda as principais questões relacionadas ao autismo. “Tenho dois filhos e sou mãe de dois filhos, do João de 14 anos, neurotípico, e o Matheus, de seis anos, que está dentro do espectro autista, com nível 3 de suporte, não verbal. No livro, falo um pouco sobre diagnóstico, tratamento, preconceito, capacitismo, enfim, uma série de desafios que as mães encontram durante essa jornada. Não só compartilho informações, mas trago algumas ferramentas para as mulheres aprenderem a lidar com tudo isso e informações sobre direitos. No capítulo ‘Ninguém cuida de quem cuida’, por exemplo, falo sobre a importância do autocuidado e da saúde mental da mãe, do quanto são importantes. Por isso mesmo, este encontro hoje está sendo fantástico! Trocamos vivências, experiências e saímos daqui renovadas. Além de ficarmos mais lindas”, opina a autora.

A ação “Mulher em Foco – Dia de Beleza” está alinhada com os princípios dessas Secretarias, que vêm atuando de forma intersetorial para proporcionar acolhimento, escuta ativa e promover práticas transformadoras, voltadas à valorização e ao protagonismo da mulher.

A Secretaria da Mulher está sediada na Av. Rudolf Dafferner, 65, no Alto da Boa Vista. Mais informações pelo telefone (15) 3238-2100 ou e-mail: [email protected]. A Secretaria da Inclusão e do Transtorno do Espectro Autista está sediada na Rua Miguel Lozano, 340, no Jardim Dois Corações. Mais informações pelo e-mail [email protected].