Fundação Cultural Cassiano Ricardo
*Colaborou a estagiária Bruna König
O 34º Festidança, um dos maiores festivais de dança do Brasil, começa nesta quarta-feira (12), em São José dos Campos, com atrações em todos os cantos da cidade.
Além dos espetáculos, haverá também exposição e instalação audiovisual no Centro Cultural Clemente Gomes e no Cine Teatro Benedito Alves.
No Centro Cultural Clemente Gomes, em Santana, acontece a exposição fotográfica “Corpo e Palavra: Uma proposta poética sobre Vida e Sombra”, de Adilson Machado.
Já o Cine Teatro Benedito Alves recebe uma Instalação Audiovisual “Ginga: A Cartografia do Movimento”.
Confira os horários de funcionamento dos espaços abaixo.
Clemente Gomes
A exposição busca explorar a interseção entre o corpo humano e a linguagem, refletindo sobre como ambos se entrelaçam para criar uma experiência poética, que se desdobra em luz e sombra.
O tema central é a dualidade da existência, onde o físico encontra sua expressão mais profunda através da palavra, e juntos, criam um jogo de coexistência que revela e esconde significados.
A proposta inicial da exposição foi desenvolvida a partir de estudos dos movimentos da bailarina Cristiane Azevedo, para o espetáculo Mundo Etéreo, que teve sua estreia em 2012, com direção de Marilda Carvalho e leitura textual de Ludmila Saharovisky.
Em 2024, por Corpo e Palavra, a exposição é ampliada e recebe novas imagens para o 34º. Festidança, também com a leitura textual da bailarina profissional que propõe a reflexão sobre antagonismos como matéria e espírito, corpo e alma, bem e o mal, bem como, instiga a participação e contribuição dos visitantes a deixarem suas percepções sobre dualidade no varal poético.
Cine Teatro
A performance Ginga procura compartilhar esses conhecimentos inscritos no corpo, um corpo que, enquanto se movimenta, desenha no papel as marcas dos movimentos realizados pela capoeirista.
O projeto surge a partir do projeto de pesquisa de Damiane Niomara Bemvindo, na pós-graduação Gestos da Escrita como Prática de Risco, na instituição A Casa Tombada, orientada por Ângela Castelo Branco e Mariana Galender. No último ano a pesquisa tem se intensificado, com a orientação de Edith Derdyk na mesma instituição de ensino.
A pesquisa de Damiane volta-se para a cartografia do movimento, utilizando em todo percurso de investigação o desenho, a notação coreográfica e a escrita como formas de evidenciar os processos vivenciados. Durante a pesquisa é possível perceber que há muito de escrita e desenho no corpo do capoeira.
Povos africanos antes da diáspora já utilizavam a dança para educar e transmitir saberes aos seus familiares, a palavra estava no corpo, na gestualidade das performances culturais.
Na língua Banto do Congo, o verbo tanga, designa os atos de escrever e dançar, dançar é escrever no tempo as temporalidades curvilíneas. A performance ritual é, pois, simultaneamente, um riscado, um traço, um retrós, um tempo recorrente e um ato de inscrição, uma afrografia. Nas manifestações culturais que aqui foram criadas pelos africanos escravizados esse caráter se manteve, o corpo palavra, que compartilha em performance saberes ancestrais.
O corpo em movimento escreve, os rastros deixados no papel são grafias performadas pelo corpo e pela voz.
A videodança mostra a voz de um corpo que já foi considerado um objeto, passou por dolorosos processos de apagamento de histórias e saberes ancestrais.
Serviço
Centro Cultural Clemente Gomes
Endereço: Av. Olivo Gomes, 100 – Parque da Cidade, Santana
Horário de Atendimento: Segunda a Sexta – das 8h às 22h /Sábado – das 9h às 12h
Telefone: (12) 3924-7332
Cine Teatro Benedito Alves
Endereço: Rua Rui Dória, 935 – Centro
Horário de Atendimento: Segunda a Sexta – das 8h às 17h
Telefone: (12) 3924-7344
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