Com um investimento de R$ 2,1 bilhões, acumulados desde 2021, a Prefeitura do Rio apresentou o Plano Verão 2023/2024, nesta quinta-feira (16/11), com as principais ações preventivas adotadas para minimizar os impactos das chuvas na cidade e proteger os cariocas. O conjunto de iniciativas, que totalizou 308 ações neste governo, já rendeu ao município, em 2023, os recordes históricos de manutenção do sistema de drenagem e desassoreamento.
O Plano Verão 2023/2024 foi elaborado por mais de 30 órgãos municipais, incluindo secretarias, empresas públicas e subprefeituras. Contenção de encostas, programas de infraestrutura e aquisição de novas tecnologias, além do aprimoramento e efetividade da capacidade de resposta aos eventos, formam a base do conjunto de ações.
– Fizemos um apanhado de todas as ações, como limpeza de bueiros, dragagem de rios e obras de infraestrutura. Mas o importante é que as pessoas tenham clareza que esses efeitos climáticos mais severos, que sempre aconteceram no Rio de Janeiro, só têm aumentado. Ao longo da última década, tivemos um volume muito maior de chuva forte do que nas décadas anteriores. E neste ano, com o El Niño, há de novo a possibilidade de termos chuvas muito fortes. O papel que a população pode desempenhar é muito importante, basta acompanhar os alertas do Centro de Operações. O importante é que as pessoas evitem se deslocar pela cidade em caso de chuva muito forte. E aquelas que estão em área de risco entendam que a sirene serve para alertar a população. São dados objetivos, índice pluviométrico, características daquele solo, tempo de chuva. Nós precisamos e queremos salvar vidas na cidade – afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Prevenção e proteção
Em 2023, o investimento nos sistemas de drenagem foi massivo e fez com que 5.600 km passassem por manutenção, uma distância equivalente a 421 pontes Rio-Niterói e 95 vezes a extensão da Avenida Brasil. O recorde anterior (1.818 km) era de 2013. Outro dado histórico foi o desassoreamento de rios, que só neste ano já totalizou 555,4 mil toneladas, que correspondem a 46.283 caminhões cheios.
– Tivemos um recorde de investimentos nos últimos três anos e com isso ampliamos os serviços de manutenção dos rios da cidade. Este ano, batemos uma série histórica com a retirada de mais de 550 mil toneladas de resíduos dos leitos dos rios. Para se ter uma ideia, esse número é quase o quíntuplo do volume retirado em 2018, que foi de 114 mil toneladas – explicou o presidente da Fundação Rio-Águas, Wanderson dos Santos.
Com um investimento total de mais de R$ 78 milhões em obras de riscos hidrológicos, no último triênio, 35 obras foram concluídas. E, atualmente, seis estão em execução, como as do Mercadão de Madureira, Bairro Maravilha Jardim Maravilha e na Comunidade do Rollas, e as obras de canalização do Rio Tindiba e na Pavuna.
Nas ações somente contra deslizamentos, 118 obras foram concluídas de 2021 a 2023, 41 estão em andamento e sete a licitar. Intervenções que totalizam R$ 214 milhões.
– Foram investidos cerca de R$ 35 milhões somente nas obras de contenção nas grandes vias, em que temos protocolos de fechamento nos dias de fortes chuvas. O resultado é que tivemos menos problemas com deslizamentos de terra nos últimos temporais. Neste último triênio (2021-22-23), conseguimos fazer a contenção de 880 mil metros quadrados em áreas de alto risco das comunidades, o que equivale a 107 campos de futebol – disse o presidente da Fundação Geo-Rio, Anderson Marins.
Outro projeto que atua diretamente na prevenção das chuvas é o Bairro Maravilha, responsável por urbanizar e levar infraestrutura à população. Já são 92 localidades beneficiadas e, até o fim de 2023, serão 49 km de ruas requalificadas, com R$ 977 milhões em investimentos no total.
A Secretaria de Infraestrutura também investiu R$ 9,8 milhões em obras de drenagem para eliminação de ponto crítico de alagamento pensando na chegada do Verão. Os serviços foram executados na Avenida Borges de Medeiros, na Rua Alexandre Calaza e nas estradas da Pedra e do Catonho, onde os trabalhos entraram na reta final. No total, mais de 1,6 km de drenagem estão sendo executadas. Na intersecção entre as estradas do Catonho e Cafundá, a secretaria atua para aumentar a capacidade de escoamento das galerias pluviais, solucionando, assim, o problema crônico de alagamento que motoristas e pedestres enfrentam em dias de chuvas fortes, na região. Mais de 7,6 mil metros quadrados de drenagem estão sendo recuperados. Além disso, as calçadas estão sendo reconstruídas para melhorar a mobilidade e a acessibilidade. Por fim, o trecho ganhará nova pavimentação.
Neste ano, a Prefeitura do Rio iniciou o projeto Morar Carioca na comunidade do Aço, em Santa Cruz, na Zona Oeste. Essa iniciativa de urbanização e infraestrutura é um exemplo de como transformar a vida das pessoas e ainda preparar a cidade para os desafios climáticos.
Com um investimento de R$ 243 milhões, em uma área de 195 mil metros quadrados, a comunidade do Aço ganhará 704 unidades habitacionais, que vão beneficiar diretamente quatro mil pessoas, além de melhorias em infraestrutura urbana.
Por exemplo, está prevista a reurbanização da Rua São Gomário até o encontro com a Avenida Cesário de Melo, ao longo de 1,1 mil metros. A pavimentação de 7,4 mil metros quadrados de vias de carros e de pedestres, a implantação de ciclovia e ciclofaixas ao longo de 2.5 mil metros e a construção de uma praça de 7,4 metros quadrados com paisagismo, palco e áreas de lazer cobertas também integram o projeto. Além de uma horta comunitária com viveiro e compostagem e quadras esportivas.
Podas de árvores e a limpeza urbana são outros pontos importantes na prevenção. O presidente da Comlurb, Flávio Lopes, destacou o trabalho realizado até o momento na poda de árvores e também fez um apelo para que todos colaborem e não joguem lixo nas ruas.
– O número de podas por ano quase que dobrou, passamos de 78 mil para 150 mil. Esse serviço é importante porque nos dias de fortes chuvas muitas árvores caem, derrubam postes, fecham o trânsito, dando um trabalho muito grande para a Comlurb. É importante ressaltar que é muito importante a população ajudar fazendo o descarte correto de lixo. Podemos limpar 86 mil ralos por dia, mas se o lixo cair no lugar errado, a chuva vai arrastá-lo e entupir o ralo – afirmou o presidente da Comlurb, Flávio Lopes.
Vanguarda tecnológica
Para se manter na vanguarda do que há de mais avançado em monitoramento no mundo, o Centro de Operações Rio (COR) investiu em novas aquisições tecnológicas. Após ampliar em 40% seu vídeo wall, que passou a ter 104 metros quadrados, composto por 125 telas de 55 polegadas e em alta resolução, um novo radar meteorológico foi adquirido.
– No COR houve um grande investimento em tecnologia, com a compra de mais câmeras, sensores, radar e a ampliação do telão de videomonitoramento. A cidade tem que estar estruturalmente preparada, com capacidade de monitorar e comunicar ao cidadão, além de ter capacidade de responder rápido em cenários difíceis – disse o chefe-executivo do Centro de Operações Rio (COR), Marcus Belchior.
Com um investimento de R$ 6,8 milhões, via Parceria Público-Privada firmada pela Rioluz, o radar de tecnologia ‘banda X’, é considerado o mais moderno em equipamentos deste tipo e que em dezembro entrará em operação. O novo equipamento é capaz de fazer a leitura de chuva de granizo com antecedência de até três horas e será instalado na Serra do Mendanha, na Zona Oeste. O Rio passa a ser o primeiro município do país a contar com dois radares meteorológicos próprios. As imagens dos equipamentos, assim como já acontece com o que está instalado no Morro do Sumaré, serão disponibilizadas para a população do Rio.
Outra inovação para o próximo verão é a contratação do Sistema de Monitoramento e Alerta de Descargas Atmosféricas e Tempestades Severas. A ferramenta foi testada pelo Rio no último verão, quando a cidade contabilizou 31.900 raios atingindo o município entre os meses de janeiro e março.
O número de câmeras de monitoramento da cidade, que permitem um melhor planejamento durante os eventos também apresentou um crescimento. Em 2022 eram duas mil e, agora, já são três mil e quinhentas.
Já a Defesa Civil operacionalizou mais uma ferramenta de comunicação preventiva aos moradores que vivem em áreas de alto risco geológico. Avisos sonoros serão emitidos por sirenes localizadas em 103 comunidades. O objetivo é alertar a população, antecipadamente, que não possuem acesso aos meios de comunicação de massa sobre a chegada de chuva forte no município. O aviso será feito com base nas previsões meteorológicas do Sistema Alerta Rio, órgão de meteorologia da Prefeitura do Rio.
– Fazemos a capacitação dos moradores das comunidades das áreas de alto risco geológico, que acabam sendo pontos focais da Defesa Civil nessas regiões para qualquer ação de emergência. É muito importante a participação da população nos exercícios simulados nas áreas com sirene, que acontecem desde 2011 nas comunidades para preparar e alertar sobre os riscos – destacou o subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Rodrigo Gonçalves.
Vale ressaltar que a Defesa Civil conta, também, com o canal de SMS: para receber alertas, basta o cidadão enviar o CEP para o número 40199. E o alerta via WhatsApp: para cadastrar o número do celular, é só enviar uma mensagem para o número (61) 20344611.
Outras ações realizadas pela Defesa Civil foram o treinamento de 777 agentes comunitários e vigilantes da Saúde, 334 profissionais para atendimento a pessoas com deficiência, além de 11 exercícios simulados em 85% das áreas com sirenes, 33 ações de engajamento da população e o retorno do programa Defesa Civil nas Escolas.
Mudança nos Estágios Operacionais
Os novos Estágios Operacionais da cidade passaram a ser medidos a partir desta quinta-feira, após publicação em Diário Oficial, por números e não nomenclaturas como é atualmente. A troca tem por objetivo simplificar o entendimento dos cariocas e foi motivada por uma pesquisa realizada pelo COR, que comprovou a pouca compreensão dos cidadãos em relação aos atuais nomes dos estágios.
A nova classificação substitui os atuais nomes (Normalidade, Mobilização, Atenção, Alerta e Crise) por números. Sendo assim, o município passa a ter estágios de 1 até 5, onde o número 1 é a cidade operando na sua condição normal e o número 5 é o cenário operacional mais crítico, quando as equipes da Prefeitura perdem a capacidade de resposta para ocorrências.
Cada número será associado a uma cor. A mudança também vai permitir que a cidade adote o padrão cromático utilizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Para melhorar o entendimento da sociedade, o COR embasou-se na escala Richter para adotar o novo padrão.
Confira a nova classificação:
Estágio 1 (verde): Significa que não há qualquer alteração ou ocorrência na cidade que provoque alteração significativa na rotina do carioca. Baixo ou nenhum impacto na fluidez do trânsito e das operações da infraestrutura e logística da cidade.
Estágio 2 (amarelo): Risco de haver ocorrências de alto impacto na cidade. Há ocorrência com elevado potencial de agravamento. Ainda não há impactos na rotina da cidade, porém, os cidadãos devem se manter informados.
Estágio 3 (laranja): Uma ou mais ocorrências provocando impactos a cidade. Há certeza de que haverá ocorrência de alto impacto no curto prazo. Pelo menos uma região da cidade está impactada, causando reflexos relevantes, e afetando diretamente a rotina da população ou parte dela.
Estágio 4 (vermelho): Uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade ou há incidência simultânea de diversos problemas de médio e alto impacto em diferentes regiões da cidade. As regiões impactadas geram reflexos graves/importantes na infraestrutura e logística urbana, e afetam severamente a rotina da população ou parte dela.
Estágio 5 (roxo): Uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade. Os múltiplos danos e impactos causados extrapolam de forma relevante a capacidade de resposta imediata das equipes operacionais da Prefeitura do Rio. As regiões impactadas causam reflexos graves/importantes na infraestrutura e logística urbana, e afetam severamente a rotina da população ou parte dela.